segunda-feira, outubro 25, 2004

Entrevista a traficante

A Bilis conseguiu, num grande exclusivo, uma entrevista com um dos maiores traficantes de droga Português. Como tantos outros traficantes, também Xabregas (chamemos-lhe assim) teve de emigrar para ver o seu valor reconhecido.
Encontrámo-lo em Espanha, onde o tráfico dá mais dinheiro e reputação, na sua luxuosa mansão em Barcelona.

Bilis-Secreta: Como foi a sua infância?
Xabregas: Foi uma infância como a de muitas crianças nos subúrbios de Lisboa. Escola e muita brincadeira.
BS: Quando percebeu que tinha jeito para traficar?
X: Eu acho que traficar está-me no sangue. Desde muito novo lembro-me de faltar às aulas e ficar no páteo da escola a traficar. Traficava tudo! Era inato...
BS: Tudo!? Como assim?
X: Olhe, lembro-me de ter traficado o meu primeiro maço de cigarros com 4 anos. Traficava sapatos que roubava aos outros putos. Traficava berlindes. Traficava unhas postiças para o cabeleireiro da minha vizinha Alcinda...
BS: Então e depois?
X: Depois ela usava as unhas lá à maneira dela... Nunca percebi muito de manicure...
BS: Não percebeu. E depois dessa fase, o que fez?
X: Depois o meu pai tinha um amigo lá na praceta que era líder de um pequeno gang de bairro e eu fui lá prestar provas tinha 8 anos. Aceitaram-me e comecei no tráfico federado. Durante os primeiros tempos lembro-me que traficava do lado esquerdo, mas quando entrei no tráfico sénior o líder do gang pôs-me a traficar lá na frente de combate.
BS: Foi aí que um olheiro de um grande gang nacional o viu a traficar?
X: O Sr. Aparício, a quem eu tenho muito que agradecer, apanhou-me a traficar esquentadores em Bragança e trouxe-me para Lisboa para um gang que assaltava bombas de gasolina. Chegámos a apanhar figuras públicas na CREL, mas quando me pediram para molestar sexualmente a Maria José Valério, eu achei que estávamos a ir longe demais. Os meus colegas não se importaram e acabaram o serviço... Acho que ela depois até pintou o cabelo de verde, mas não sei se tem a ver uma coisa com a outra...
BS: Então saiu e veio para o estrangeiro...
X: Sim, neste momento o tráfico em Portugal é uma farsa. O traficante que quer ser reconhecido tem de vir para o estrangeiro para ganhar o seu lugar ao sol. Neste momento estou em Espanha num bom gang e não me arrependo de ter tomado esta decisão.
BS: Qual é a imagem que os estrangeiros têm do traficante Português?
X: Acho que neste momento é uma imagem positiva, pois os traficantes portugueses aqui em Espanha têm desempenhado bem as suas funções. Como a justiça em Portugal se encarrega de libertar traficantes que já estavam presos, acho que o número de traficantes portugueses em Espanha tem tendência para aumentar, mas para já "nuestros ermanos" tem ficado satisfeitos connsoco.
BS: E para quando o regresso a Portugal?
X: Para já estou à espera que o meu processo no Tribunal da Boa-Hora prescreva, depois logo se vê. Ainda me faltam uns anos para acabar a carreira, mas todo o traficante sonha um dia poder regressar a Portugal.
BS: Vejo que já apresenta um fluente sotaque Espanhol na forma de falar... Está mesmo integrado!
X: Não! Já tinha antes de chegar a Espanha. Via muitos filmes do canal "Íntimo" às 5ªs à noite...
BS: Ah, pois... Bem, obrigado e felicidades para a sua carreira.
X: Obrigado eu pela atenção. Já agora não quer comprar um mês de férias no Algarve em time-sharing? Não consigo despachar isto a ninguém...
BS: Acho que não... Mas vou falar com a minha sogra.

1 Comments:

Blogger Candyman said...

Não li esta merda de artigo porque é bastante extenso... No entanto, não ponho em causa o seu interesse porque, conhecendo o autor, é óbvio que é um self-portrait, uma entrevista fictícia a si próprio, uma consulta de psiquiatria ao inner-self... No fundo, um modo de a loucura não se interiorizar e evitar a cancerização da alma... Bem hajas

1:46 da tarde  

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